Esse é o meu universo: o que eu ouço, o que eu penso e o que eu vivo.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Oxalato de Escitalopram


Hoje faço um ano de tratamento com Lexapro (Oxalato de Escitalopram). Parece que foi ontem, mas ao mesmo tempo são tantas coisas que aconteceram ao longo desse tempo. Um ano marcado por diversos altos e baixos até finalmente me estabilizar emocionalmente.

Depois de finalmente sair de um relacionamento abusivo que durou 2 anos, tive uma crise muito forte de depressão e diversas crises de pânico. Tinha me tornado dependente emocional de uma pessoa borderline, cheia de complexos e conflitos. Acabei absorvendo os problemas psicológicos dele que aos poucos foram se somando aos meus.

Ansiedade, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia, desesperança, falta de interesse pela vida e pelas coisas que eu costumava ter apreço. Mas todas essas coisas que eu sentia eram sintomas antigos que fui sufocando, deixando de lado até chegar ao extremo que cheguei.

Eu ainda não consigo lembrar exatamente como tudo aconteceu naqueles dias de crise emocional. Mas lembro que minha mãe precisou passar uns dias comigo e me arrastou a uma consulta com uma psiquiatra. Eu posso dizer que me arrastou pois naquele momento eu não tinha vontade de mais nada, apenas de ficar prostrado eternamente.

A psiquiatra fez perguntas tão específicas, tão íntimas e tão acertadas que já me senti mais leve ao desabafar. Optou-se pelo Escitalopram 10mg devido aos poucos efeitos colaterais. Uma semana de tratamento já houve uma considerável melhora emocional. Nos primeiros dias fiquei bastante agitado, extremamente inquieto. Apenas na terceira semana meu humor e comportamento foram estabilizados. Porém no início do segundo mês voltei a ter algumas crises e por isso a psiquiatra decidiu aumentar a dose para 15mg.

Depois de uns 5 meses tomando 15mg de Escitalopram por dia, comecei a me incomodar com a “falta de sentimentos”. Ainda que eu quisesse, não conseguia mais me apegar às pessoas, criar e alimentar algum tipo de vínculo. Porém isso me incomodava “racionalmente”, porque eu me sentia estranho por estar tão frígido, mas “emocionalmente” eu estava ótimo. A médica dizia que o medicamente estava apenas me deixando mais “seletivo” para relacionamentos e que, depois do trauma do último relacionamento, isso era imprescindível.

Ela estava certa. Mas algum tempo depois concordamos em diminuir a dose para 10mg por dia. Eu já estava mais seguro, mais confiante e desde o início do tratamento já estava previsto que essa diminuição iria acontecer, pois a ideia é de que o tratamento não ultrapasse 2 anos. Na consulta da semana passada discutimos bastante sobre mais uma redução na dosagem e é bem provável que até outubro eu já não precise mais do medicamento.

Lá no fundinho eu já tô sentindo saudade do remédio e da minha psiquiatra, muito antes de finalmente nos separarmos, acredita? Sim! Isso é horrível, tragicômico talvez. De certa forma, uma dependência por outra, mas eu estou focado que ficarei bem quando virar essa página, pois estou reaprendendo a observar as oportunidades ao meu redor, a experimentar coisas novas, pessoas novas e a mim mesmo. Eu estou vencendo a depressão. Você também pode vencer!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Status: buscando recolocação 😒


Hoje completo um ano desempregado. Oh! Que maneira mais brusca de atualizar os fatos, eu sei. Nos tempos atuais talvez nem tanto. Quantas pessoas você conhece que estão desempregadas? Dezenas? Centenas? As estatísticas dizem que já ultrapassa os 12 milhões. Nunca antes na história desse país houveram tantos desempregados. Mas eu não estou aqui para discutir política ou economia. Eu estou aqui para expressar minha revolta. Nunca fiquei tanto tempo sem trabalho, sem perspectiva, sem esperança.

É realmente angustiante depender de alguém para cuidar das minhas despesas. Esse alguém, obviamente, é minha mãe. É humilhante, simplesmente. A essa altura da minha vida eu é que deveria estar cuidando dela. E, no entanto, ainda estou empacado com meu TCC há dois semestres, sem nenhuma vontade de retomá-lo, sem nenhuma ideia decente para discutir, dissertar, enfim... Me admiro que esteja conseguindo terminar o segundo parágrafo desse texto. Uau! Realmente preciso treinar a prática da escrita. Faz um ano também que não escrevo um texto com mais de 10 frases.

Bom, eu só queria mesmo atualizar os fatos para que soubessem, caso ainda exista alguém que tenha acesso a esse desfalecido blog que, como podem ver, continuo na mesma insatisfação com a vida. Eu sei que em algum dicionário deve constar que insatisfação é sinônimo de veemência ou ao menos eu preciso acreditar nisso. Eu preciso acreditar em alguma coisa.
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PS¹ tragicômica:

PS² tragicômica:
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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dia de Faxina



De repente, você se dá conta de que sua casa se tornou um lixo. Roupas, lençóis, copos sujos. Cortinas fechadas, o sol não entra há dias. O ar não circula. A vida também não.

Mesmo que você não queira assumir ou aceitar: Você não quer se desfazer das lembranças de alguém que se foi. Os lençóis da última noite juntos, na fronha ainda ficaram alguns fios de cabelo. A bermuda que ele usou naquela noite. A camisa que você usava durante o último abraço. Onde quer que ele tenha tocado, o que quer que tenha seu cheiro, sua marca: seu desejo é perpetuar a existência de qualquer coisa que o faça presente.

Mas a vida clama por ser vivida. É preciso seguir em frente, lavar a roupa suja. Já não há mais seu perfume nas coisas, apenas lembranças, estas sim demoram a desbotar: o momento do primeiro beijo, o parque onde se encontravam, o banquinho do terminal, o local onde se disseram adeus; e apenas saudade, porém esta não desaparece jamais, você apenas se habitua a ela como a uma mancha numa camiseta preferida.


Não é tão fácil começar esse tipo de faxina, mas é preciso se desfazer do que te prende ao passado. E dói, como se fosse o seu coração girando no tambor da máquina de lavar. É difícil, mas é preciso. Afinal, a vida é feita de ciclos. Cada momento, bom ou ruim, são ciclos que você precisa encarar para alcançar seus planos. Até a máquina de lavar opera em ciclos. E não venha me dizer que a vida não dá pra programar, porque não é verdade. Mas se alguma coisa saiu do planejado, assuma o erro, comece outro ciclo, encare o risco. Amanhã tem mais. Sempre vai ter.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A culpa é do cinema!


Ninguém me ensinou a assistir filme, eu aprendi sozinho. E foi sozinho também que comecei a acreditar que tudo aquilo que mostram na tela poderia ser verdade. É tudo tão colorido, até quando é em preto e branco, eu digo, é tudo tão lindo, romântico, patético, invejável. Então cresci iludido de que minha vida poderia ser perfeita daquele jeito. Ai, que burrice!

Depois de quebrar a cara algumas vezes – diga-se milhares de vezes – parei de vez com filmes de comédia romântica. São tão estúpidos. Sempre tem um casal de idiotas que estão numa situação ruim e são tão idiotas que conseguem piorar aquilo tudo ainda mais, mas no final eles resolvem aquele problema e são felizes para sempre. Será que preciso ser idiota pra conseguir um final feliz?

Eu não quero final feliz, eu digo, não quero um final. Não quero que seja perfeito. Quero que seja natural, verdadeiro e até cheio de crises, complexos, conflitos, porque ninguém no mundo está livre disso, e essas coisas são necessárias para fortalecer o relacionamento. Mas eu quero tudo isso com alguém disposto a lutar pra fazer isso funcionar, simplesmente porque no Amor Verdadeiro não existem pessoas certas, existem pessoas que se dedicam a fazer ele dar certo. O Amor é isso: adaptação. Essa parte eu já aprendi, mas eles não. E sempre vão embora antes mesmo que eu tenha a chance de mostrar que vale a pena tentar.

Eu também parei de idealizar gente atenciosa ao extremo, que vai me ligar tarde da noite pra desejar bons sonhos, que vai inventar desculpa pra me ver num horário improvável porque bateu saudade. E também sempre soube que também não devo ser assim, porque a maioria das pessoas não gosta disso. Tem algo a ver com privacidade, enfim, coisa de gente que preza por liberdade, ou (inconscientemente) ficar sozinha, provavelmente.

Só não consigo deixar de ser romântico. Eu gosto de trazer chocolates, gosto de dar presentes, preparar tudo para uma noite especial juntinhos. E não faço isso por conquista (no sentido vulgar da intenção), mas porque quando estou envolvido, penso nele várias vezes ao dia, sinto imensa necessidade de dizer, com gestos, “meu bem, me lembrei de você” - quando na verdade não me esqueci em nenhum momento.

E vale de alguma coisa tudo isso? Tá, no momento vale. No momento do fato tudo vale, tudo é lindo. No início costuma ser, não é? Mas quando acaba nem lembram mais desses detalhes. E eu fico me sentindo um idiota por ter me esforçado tanto pra fazer dar certo, me achando exagerado, mais exagerado que Cazuza, e me perguntando onde foi que eu errei.

Acho que assisti filmes românticos demais. Preciso parar com isso. Mudar de tática... hummm!

“Oi, gato! Quero jogar com você... hihihi.”

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Destino: Felicidade


Felicidade ficava muito longe dali, seria uma viagem cansativa, angustiante, mas em viagens tão longas isso é inevitável. É bem provável que eu fosse desistir antes de alcançar o destino. Muitas pessoas ainda mais decididas já haviam desistido antes. Já se passavam anos nesta revolucionária odisseia. Impasses, desilusões, tristezas, mas também muitas realizações e alegrias. Algumas vezes me perdi pelo caminho, mas isso não é tão extraordinário que eu não pudesse retornar ao ponto do erro e recomeçar a jornada.

Seguindo pelo mapa, segui viagem entrando numa estrada bem ampla e clara, mas logo percebi que aquele percurso era complexo, logo no início encontrei as dificuldades, hesitei, pensei em desistir, mas mesmo assim resolvi insistir, por um tempo, mas logo depois, por causa de algumas pedras no caminho - muitas placas indicavam instabilidade na pista - percebi que eu não era capaz naquele momento, decidi voltar atrás e me preparar para enfrentar aquele caminho. E, tão logo eu estava preparado, tentei voltar à minha viagem, mas foi então que me dei conta de que aquela estrada estava fechada. Eu não tinha mais permissão para transitar por ali. Chorei por alguns meses, pois acreditava que aquele fosse o único caminho para Felicidade, até me dar conta de que a grande verdade era que aquela estrada é que não tinha estrutura para mim. Então guardei apenas a curiosidade de como poderia ter sido.

Assim que enxuguei as lágrimas, percebi uma segunda estrada que parecia bem mais confiável. Me joguei de cabeça, sem medo, e me encantei com todas as belezas do percurso. A cada passo uma nova descoberta. Era mesmo feita todinha para mim, cada detalhe, cada cheiro, cada som, cada paisagem, cada textura. Eu nunca mais voltaria a me encantar assim. Algumas vezes tive vontade de correr para descobrir mais coisas em menos tempo e me desesperava quando era proibido disso. Talvez eu tenha me desesperado demais, exagerado um pouco, mas esse não foi o motivo para ter minha viagem impedida. Pois sim, aconteceu, ironicamente aconteceu. Aquela viagem tão maravilhosa teve que ser cancelada por aquele caminho. Uma placa no caminho dizia que aquela estrada não estava totalmente pronta e, desse modo, eu não poderia alcançar meu destino por ali. Tive que voltar, para minha segurança, mas com a promessa de que aquela estrada seria terminada um dia. Cada lembrança que eu tinha me acendia ainda mais a esperança de voltar. Não fazia mal esperar, enquanto eu tivesse aquelas lembranças nada poderia me entristecer.

Foi então que notei a terceira estrada à minha frente. Nunca antes tinha visto nada mais atrativo. As portas estavam totalmente abertas e me convidavam para ir por ali. Me arrisquei, acreditei outra vez que era a hora de voltar à viagem. Era tão lindo o percurso e não apresentava perigo apesar de obscura em alguns pontos. A curiosidade me instigava a seguir em frente, a estrada apenas se tornava mais atrativa. Eu já tinha começado a fazer planos, como agir, como me dedicar, o que fazer para aquele percurso valer a pena. E de repente vi a estrada se fechando até não poder mais seguir adiante. A estrada também não estava terminada e segundo a placa no fim do caminho: “entrega em quatro meses”.

Me sentei na frente das três estradas. Repensei todas as minhas tentativas de atravessar esse ponto da viagem até Felicidade. Será que a culpa era minha? Será que depois de tanto me preparar ainda faltava algo? Algumas pessoas que passavam por mim e me viam ali sentado, duvidando, hesitando, sofrendo, diziam que eu merecia chegar ao meu destino, mas nenhuma delas tinha a resposta que eu queria: Como? De que forma? O que me faltava? O que me sobrava?

Olhei para trás, a primeira estrada estava aberta novamente e havia um convite para mim. Era a mesma estrada, cheia de pedras no caminho, cheia de dúvidas, cheia de riscos. Tinha sido muito usada por outras pessoas, estava ainda pior do que quando eu passei por ela, tinha mesmo deixado de ser atrativa para mim, eu já sabia que seria um grande risco tentar de novo por ali então preferi não me arriscar. A segunda estrada ainda estava fechada, tinha uma placa na entrada dizendo que estava em reforma, sem previsão de término, e sem muitas esperanças de exclusividade quando terminasse, apesar de ainda ter o meu nome rabiscado na porta.

Me voltei para a terceira que ainda me intrigava. Quis ver mais de perto como ela funcionava, prestar mais atenção aos detalhes e só então reparei a placa na entrada que dizia: “Aberto ao público”. Meu deus! Não era uma estrada, era um beco sem saída, uma via inconstante, cheia de altos e baixos, e que não pretendia me levar ao meu destino, e não se prestava a ser exclusiva, muito menos para mim que ocuparia tanto espaço, muito menos para mim que supostamente não era digno de transitar por ali. E só descobri isso porque fui persistente, insisti em dar mais uns passos à frente e finalmente encontrei uma placa com uma mensagem, no mínimo, engraçada: “Proibido transitar usando bermuda dobradinha”. E eu ri, eu ri, eu ri até o riso se transformar em choro. E voltei imediatamente antes que o choro se tornasse desespero.

Mas já era tarde, eu já havia me desesperado. E fiquei cego. Tão cego que não vi logo mais à frente uma trilha, que poderia ser a solução, que poderia ser o melhor caminho. A placa na entrada dizia: “Esperança!” Poucas pessoas haviam passado por aquela trilha, poucas marcas deixadas naquele caminho. Eu poderia construir uma estrada ali, fazer do meu jeito, usar todo o meu perfeccionismo, tornar aquela via mais bonita. Mas eu estou cego pelo desespero, preciso descansar depois das tentativas, me recompor, me refazer. Estou incapacitado de tomar uma atitude agora. Não quero desistir. Não vou desistir. Mas Felicidade vai ficar pra outra hora.