Esse é o meu universo: o que eu ouço, o que eu penso e o que eu vivo.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Noite Só


São agora 6:10 da manhã. Acabei de chegar da boate. Sozinho. Sempre sozinho.

O que incomoda nao é o fato de chegar sozinho em casa, mas o fato de chegar em casa e me dar conta da solidão que esteve rondando a noite inteira. Não posso negar que estive com amigos, amigos maravilhosos, durante toda a noite. Também não me incomoda o fato de não ter ficado com ninguem. Mesmo que tivesse beijado trinta. O que incomoda é o sentimento da solidão, e principalmente o não saber o motivo dela.

Tomei banho, escolhi a melhor roupa. Fui para a festa, encontrei meus amigos. Ansiosos, esperando uma ótima festa. Eu esperava o mesmo. Esperava a melhor música, dançar muito, me divertir bastante. Não faltou nada disso. Eu estava bem acompanhado, pessoas que adoro ao meu redor, música eletrizante, pessoas bonitas, o melhor da noite à minha frente. Mas não me sentia completo.

Tomei um energético, depois um coquetel de frutas. Dancei, brinquei, mas ainda era pouco. Bebi mais. Flertei com algumas pessoas que julguei interessantes. Reparei que outras também tentavam flertar comigo. Até pensei que a noite estava apenas começando, e que logo eu encontraria alguém legal para curtir a dois. De repente me toquei que as pessoas com quem eu ficaria, aos poucos foram encontrando seus pares. As outras que demonstravam interesse por mim não eram exatamente o que eu esperava esta noite. Fui adiando as oportunidades, porque achei que eram pequenas, que o melhor ainda estaria por vir. Não tinha percebido que aquela noite, definitivamente, não era a "minha" noite.

Encontrei um chaveiro perdido e fui entregar na direção da boate. Eu podia simplesmente chutar as chaves e ignorar, ou talvez nem isso, mas me lembrei que ainda não tinha feito a boa ação do dia. Presenciei duas amigas brigando, por uma coisa sem sentido. Poderia ser indiferente quanto a isso também, curtir minha festa, mas preferi intervir, ser moderador da situação, e deixei bem claro que a briga era apenas por elas se gostarem demais, a ponto de se sufocarem com o sentimento.

Eu me sentia parte de todas as situações ao meu redor, dos desentendimentos, dos flertes alheios, dos beijos que rolavam entre os casais que se formavam, da música, da dança. Me sentia parte de tudo, mas não me sentia parte de mim. Bebi mais um pouco, quis misturar e tomei uma tequila. Ainda assim não me sentia à vontade, como se eu fosse uma peça do quebra-cabeças, mas que não estava no lugar certo. Não resisti e quis usar alguma droga, cherei pó. Não por desespero ou necessidade, isso era apenas uma opção. Pensei que talvez isso pudesse gerar alguma auto-confiança, mesmo que falsa. Uma, duas, várias carreiras. Me entrava como sal, talco... tudo inútil.

Então dancei, dancei... tentei chamar atenção de alguns, mas não alcancei o meu alvo. Os dois únicos que eu beijaria, por fim, beijaram-se. Desejei ser fumaça de cigarro alheio. E mais uma vez ignorei os que quiseram me beijar. Eu só desejei o que estava mais alto, e por fim não pude alcançar.

Às vezes, inconscientemente, seleciono de acordo com meu gosto pessoal, e acabo pensando que mereço o melhor da festa. Mas o que seria o melhor da festa? O mais bonito, o mais inteligente, ou quem sabe o dono do melhor caráter? Só que o máximo que se pode medir dentro de uma boate é a beleza de cada um. Nunca será numa boate que vou encontrar a pessoa que corresponde ao meu caráter. O que conta dentro de uma boate é sempre a beleza, é sempre o tesão e o desejo que cada um pode despertar em você.

Daí eu penso... por que me sinto muito bonito pra uns e pouco atrativo pra outros? Isso é justificável, é normal. Sempre haverá alguém mais bonito. Tenho sim um rosto bonito, um sorriso sincero e atrativo. Tá, mas tenho também outras qualidades que julgo muito mais importantes que a beleza. Tenho uma beleza comum, mas uma personalidade extra. Sou inteligente, versátil, comunicativo, resolvido. Tenho uma ampla cultura, falo diversas línguas, domino qualquer assunto, respeito opiniões. Tenho ótimo caráter, recebi a melhor educação, sou influente. Acho que o adjetivo certo pra mim é: incomum. Contrário do que se procura. A moda é ser violentamente lindo e vazio. Talvez por isso eu me sinta assim, sozinho, fora de lugar.

Os amigos se foram, cada um pra sua casa, a noite terminou e o sol está anunciando que o tempo acabou. Independente de tudo, estou em casa agora, seguro, a salvo... porém só. Mas acho que uma coisa já está ficando bem clara pra mim: A solidão não é, definitivamente, a falta de amigos, de família ou namorado; a solidão é a falta (ou a sobra) de si mesmo.

É hora de dormir, esperar que o dia seguinte seja melhor, ou que pelo menos haja segurança para as decisões, calma para as emoções e clareza para os sentimentos.

Muitos se sentem com eu, voltam pra casa sentindo, vivenciando, sofrendo o mesmo. Mas não a ponto de assumir. Tem coisas que se ignora, ou que não se conta. Mas enfim... é a realidade de cada um. Tão próxima que parece cópia, mas todos os fatos são meras coincidências.

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