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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Destino das Árvores


Era uma vez, há muito tempo atrás, cerca de alguns dias passados, uma árvore seca que ficava no meio de um campo vazio. A árvore descansava sozinha, cansada pelos anos vividos, galhos quebrados e frutos perdidos. Já estava oca, sem vida. Não possuía mais folhas, já não dava mais frutos, nem oferecia sombra. Era uma árvore inútil, acabada, esquecida.

Muito tempo se passou até que uma nova árvore veio nascer ao lado daquela. A nova árvore teria um grande futuro pela frente, cheia de frutos e flores, mas apaixonou-se pela velha árvore e cegou. Pensou que aquele era o exemplo do que ela deveria ser e se esquivou para a prosperidade, estagnou-se.

Por um momento, a velha árvore quis alertar a outra para o erro, mas estava cansada. Já não possuía mais sentimentos ou expectativas, apenas ressentimentos e lembranças obscenas. Por isso acabou sendo egoísta, oportunista. Preferiu sugar toda a vida da jovem árvore, toda a sua saúde e juventude, pela simples vaidade de sentir-se viva outra vez.

Por muito tempo, as duas árvores seguiram resistindo como podiam. A jovem árvore seguiu condescendente, a velha árvore, indecente, mas ambas inocentes. Conjuradas pelo destino, abraçadas, sagradas, até o último dia de suas desgraças.

Não quer dizer que o último dia de suas desgraças seja o fim de tudo. Às vezes um fim acaba sendo um começo. Talvez a jovem árvore consiga alimentar a velha árvore ao ponto de rejuvenescê-la. Talvez a velha árvore descubra que a vida ainda vale à pena. Talvez juntas ainda produzam frutos, novas árvores, novos planos, novos sonhos. Talvez juntas aprendam novamente a serem árvores.

Photo by Vinih Albuquerque

Um comentário:

  1. Algo entre a esperança e a desilusão. Bem nesse ponto... nesse instante, está tudo que realmente precisa existir pra nós... algo como uma esperança com promessa de fracasso, que não nos deixa totalmente certos do sucesso, mas se este ocorrer, promete ter um gosto tão "doce"... Amei o texto vc sabe ne?

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