Mais do Mesmo

Eu gostaria muito de contar aqui uma nova historia, colocar um novo disco na vitrola... mas não vai dar mesmo. Juro que tentei fazer tudo diferente. Tentei mesmo. Já tenho um novo emprego, ja me inscrevi em cursos e concursos. Minha vida profissional logo estará em movimento.

Mas ainda moro no mesmo lugar, sofrendo todo o tédio e pressão suportáveis, ou não. Ainda olho ao meu redor e vejo as mesmas paredes brancas e sufocantes. O mesmo presídio do acomodamento. O mesmo cansaço, a mesma fraqueza, a mesma tristeza. Continuo sorrindo por fora, e gritando por dentro.

Passei a frequentar novos ambientes, conhecer novas pessoas. Mas meus anseios ainda são os mesmos e as pessoas ainda parecem as mesmas. Eu ainda procuro "amar e ser amado", e o mais próximo que cheguei a isso foi "usar e ser usado". Sempre no mesmo engano outro retrato*. Talvez em qualquer parte do mundo as pessoas sejam sempre iguais.

O coração continua batendo dentro de sua glória de estupidez e mediocridade de se deixar levar por ilusões e promessas fáceis. Às vezes até mesmo por promessas que nem foram feitas. Continua vacilando, mesmo depois de anos, agindo como se ainda fosse o coração inexperiente de um adolescente, quebrando-se e reconstruindo-se. Mas enquanto houver capacidade para amar é que ainda se está vivendo. E todo e qualquer sofrimento causado pelo Amor acaba se tornando anticorpos para suportar a desilusão seguinte.

E eu sou campeão na arte da desilusão. Sempre que eu penso que aprendi, me estrepo novamente. Essa semana mesmo, mesmo em meio a todos os problemas, o coração idiota ainda arrumou tempo pra se apaixonar. Daí se quebrou. Ainda não entendo porque consertar para logo em seguida quebrar-se novamente. Mas dai a vida vai seguindo, seguindo, seguindo...

Aff... chega de falar nesse mesmo assunto.

*Citação: "O Enterrado Vivo" de Carlos Drummond de Andrade