Quarentei!
Eu escreveria esse texto no fim
do ano. Planejei contar aqui minhas conquistas até então. Faculdade que eu sempre
quis fazer, a história de um grande amor que me completa em tudo, casa própria.
Estava tudo indo muito bem, sim. O ano começou e seguia muito bem. Eu estava
feliz, realizado.
Só que no início desse semestre
soube que não poderia concluir todas as disciplinas este ano, adiando minha
graduação para o meio do ano que vem – estarei com 41 anos. O sonho da casa
própria, que eu realizaria com meu amor, precisou ser renunciado, pois descobri
que não era mais o sonho dele, eu estava sonhando sozinho. Isso já revela que aquele
amor tão sólido, meu porto seguro, já não era mais real.
Descobri da pior maneira possível
que estava focado demais em construir um futuro com meu amor e me esqueci de
prestar atenção nele no presente. Ele confessou que eu já não dava mais
atenção, não elogiava, não apoiava as pequenas coisas que ele queria realizar. Mas
eu só estava cansado, trabalhando e estudando para um futuro confortável. Assumo
meu erro. Me preocupei demais em proporcionar conforto lá na frente e com isso
abri espaço para que outro olhasse para ele e com palavras e gestos carinhosos
o desviasse do nosso amor.
Ele terminou comigo, dizendo que me
ama, mas que não queria mais um relacionamento assim. Eu queria que ele lutasse
para reestabelecer nossa intimidade, fortalecer nossa união, mas ele ficou
confuso. Aquele amor tão forte que ele sentia por mim já não era suficiente
para ele querer ficar ou lutar. Ele não foi embora, ainda estamos sob o mesmo
teto, separados por esse abismo de dúvidas. Mas ele está se permitindo
experimentar essa aventura, os galanteios deste outro que será apenas
passageiro. E eu me mantenho firme, acreditando que ainda vamos reestabelecer e
fazer valer as promessas de amor eterno que sempre fizemos.
Eu rezo todos os dias agora,
várias vezes por dia, para que ele desista dessa fantasia, que não troque o
certo pelo duvidoso. Ele mesmo assume que sou o certo, mas insiste que quer
experimentar essa aventura. Ao final de tudo, seremos duas pessoas quebradas. Ele
por se sentir culpado da escolha errada e eu ressentido por me tornar segunda
opção para aquele que desde o início me colocou como primeiro plano.
Eu só não sei como vou reagir se depois
de experimentar ele acreditar que o outro é o que ele precisa e desistir de
ficar comigo. Mas com muita dor no coração, eu o encorajei a experimentar.
Afinal, eu preciso que ele resolva essa dúvida para seguirmos em frente:
reconstruindo nosso relacionamento, ou reconstruindo nossos caminhos separados.
Eu ainda acredito que no final
disso tudo ficaremos juntos. Acredito que essa crise vai fortalecer nosso
diálogo e será apenas um capítulo difícil, uma página virada para a melhor parte da nossa história. Eu
só queria que ele desistisse dessa fantasia antes de nos despedaçarmos. Mas se
ele for adiante, estarei esperando – mesmo aflito e angustiado – para que ele aprenda,
mesmo que da pior maneira, que vale a pena lutar pelo nosso amor. Estarei
esperando que ele escolha ficar. Meu amor é paciente – tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta – porque é verdadeiro. E este amor é capaz de
transformar tudo.
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