Hoje faço um ano de tratamento
com Lexapro (Oxalato de Escitalopram). Parece que foi ontem, mas ao mesmo tempo
são tantas coisas que aconteceram ao longo desse tempo. Um ano marcado por
diversos altos e baixos até finalmente me estabilizar emocionalmente.
Depois de finalmente sair de um
relacionamento abusivo que durou 2 anos, tive uma crise muito forte de
depressão e diversas crises de pânico. Tinha me tornado dependente emocional de
uma pessoa borderline, cheia de complexos e conflitos. Acabei absorvendo os
problemas psicológicos dele que aos poucos foram se somando aos meus.
Ansiedade, irritabilidade,
dificuldade de concentração, insônia, desesperança, falta de interesse pela
vida e pelas coisas que eu costumava ter apreço. Mas todas essas coisas que eu
sentia eram sintomas antigos que fui sufocando, deixando de lado até chegar ao
extremo que cheguei.
Eu ainda não consigo lembrar
exatamente como tudo aconteceu naqueles dias de crise emocional. Mas lembro que
minha mãe precisou passar uns dias comigo e me arrastou a uma consulta com uma
psiquiatra. Eu posso dizer que me arrastou pois naquele momento eu não tinha
vontade de mais nada, apenas de ficar prostrado eternamente.
A psiquiatra fez perguntas tão
específicas, tão íntimas e tão acertadas que já me senti mais leve ao
desabafar. Optou-se pelo Escitalopram 10mg devido aos poucos efeitos
colaterais. Uma semana de tratamento já houve uma considerável melhora
emocional. Nos primeiros dias fiquei bastante agitado, extremamente inquieto.
Apenas na terceira semana meu humor e comportamento foram estabilizados. Porém
no início do segundo mês voltei a ter algumas crises e por isso a psiquiatra
decidiu aumentar a dose para 15mg.
Depois de uns 5 meses tomando
15mg de Escitalopram por dia, comecei a me incomodar com a “falta de
sentimentos”. Ainda que eu quisesse, não conseguia mais me apegar às pessoas,
criar e alimentar algum tipo de vínculo. Porém isso me incomodava “racionalmente”,
porque eu me sentia estranho por estar tão frígido, mas “emocionalmente” eu
estava ótimo. A médica dizia que o medicamente estava apenas me deixando mais “seletivo”
para relacionamentos e que, depois do trauma do último relacionamento, isso era
imprescindível.
Ela estava certa. Mas algum tempo
depois concordamos em diminuir a dose para 10mg por dia. Eu já estava mais
seguro, mais confiante e desde o início do tratamento já estava previsto que
essa diminuição iria acontecer, pois a ideia é de que o tratamento não
ultrapasse 2 anos. Na consulta da semana passada discutimos bastante sobre mais
uma redução na dosagem e é bem provável que até outubro eu já não precise mais
do medicamento.
Lá no fundinho eu já tô sentindo
saudade do remédio e da minha psiquiatra, muito antes de finalmente nos
separarmos, acredita? Sim! Isso é horrível, tragicômico talvez. De certa forma,
uma dependência por outra, mas eu estou focado que ficarei bem quando virar
essa página, pois estou reaprendendo a observar as oportunidades ao meu redor,
a experimentar coisas novas, pessoas novas e a mim mesmo. Eu estou vencendo a
depressão. Você também pode vencer!