Esse é o meu universo: o que eu ouço, o que eu penso e o que eu vivo.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Apenas um capítulo difícil

 


Quarentei!

Eu escreveria esse texto no fim do ano. Planejei contar aqui minhas conquistas até então. Faculdade que eu sempre quis fazer, a história de um grande amor que me completa em tudo, casa própria. Estava tudo indo muito bem, sim. O ano começou e seguia muito bem. Eu estava feliz, realizado.

Só que no início desse semestre soube que não poderia concluir todas as disciplinas este ano, adiando minha graduação para o meio do ano que vem – estarei com 41 anos. O sonho da casa própria, que eu realizaria com meu amor, precisou ser renunciado, pois descobri que não era mais o sonho dele, eu estava sonhando sozinho. Isso já revela que aquele amor tão sólido, meu porto seguro, já não era mais real.

Descobri da pior maneira possível que estava focado demais em construir um futuro com meu amor e me esqueci de prestar atenção nele no presente. Ele confessou que eu já não dava mais atenção, não elogiava, não apoiava as pequenas coisas que ele queria realizar. Mas eu só estava cansado, trabalhando e estudando para um futuro confortável. Assumo meu erro. Me preocupei demais em proporcionar conforto lá na frente e com isso abri espaço para que outro olhasse para ele e com palavras e gestos carinhosos o desviasse do nosso amor.

Ele terminou comigo, dizendo que me ama, mas que não queria mais um relacionamento assim. Eu queria que ele lutasse para reestabelecer nossa intimidade, fortalecer nossa união, mas ele ficou confuso. Aquele amor tão forte que ele sentia por mim já não era suficiente para ele querer ficar ou lutar. Ele não foi embora, ainda estamos sob o mesmo teto, separados por esse abismo de dúvidas. Mas ele está se permitindo experimentar essa aventura, os galanteios deste outro que será apenas passageiro. E eu me mantenho firme, acreditando que ainda vamos reestabelecer e fazer valer as promessas de amor eterno que sempre fizemos.

Eu rezo todos os dias agora, várias vezes por dia, para que ele desista dessa fantasia, que não troque o certo pelo duvidoso. Ele mesmo assume que sou o certo, mas insiste que quer experimentar essa aventura. Ao final de tudo, seremos duas pessoas quebradas. Ele por se sentir culpado da escolha errada e eu ressentido por me tornar segunda opção para aquele que desde o início me colocou como primeiro plano.

Eu só não sei como vou reagir se depois de experimentar ele acreditar que o outro é o que ele precisa e desistir de ficar comigo. Mas com muita dor no coração, eu o encorajei a experimentar. Afinal, eu preciso que ele resolva essa dúvida para seguirmos em frente: reconstruindo nosso relacionamento, ou reconstruindo nossos caminhos separados.

Eu ainda acredito que no final disso tudo ficaremos juntos. Acredito que essa crise vai fortalecer nosso diálogo e será apenas um capítulo difícil, uma página virada para a melhor parte da nossa história. Eu só queria que ele desistisse dessa fantasia antes de nos despedaçarmos. Mas se ele for adiante, estarei esperando – mesmo aflito e angustiado – para que ele aprenda, mesmo que da pior maneira, que vale a pena lutar pelo nosso amor. Estarei esperando que ele escolha ficar. Meu amor é paciente – tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta – porque é verdadeiro. E este amor é capaz de transformar tudo.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Oxalato de Escitalopram


Hoje faço um ano de tratamento com Lexapro (Oxalato de Escitalopram). Parece que foi ontem, mas ao mesmo tempo são tantas coisas que aconteceram ao longo desse tempo. Um ano marcado por diversos altos e baixos até finalmente me estabilizar emocionalmente.

Depois de finalmente sair de um relacionamento abusivo que durou 2 anos, tive uma crise muito forte de depressão e diversas crises de pânico. Tinha me tornado dependente emocional de uma pessoa borderline, cheia de complexos e conflitos. Acabei absorvendo os problemas psicológicos dele que aos poucos foram se somando aos meus.

Ansiedade, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia, desesperança, falta de interesse pela vida e pelas coisas que eu costumava ter apreço. Mas todas essas coisas que eu sentia eram sintomas antigos que fui sufocando, deixando de lado até chegar ao extremo que cheguei.

Eu ainda não consigo lembrar exatamente como tudo aconteceu naqueles dias de crise emocional. Mas lembro que minha mãe precisou passar uns dias comigo e me arrastou a uma consulta com uma psiquiatra. Eu posso dizer que me arrastou pois naquele momento eu não tinha vontade de mais nada, apenas de ficar prostrado eternamente.

A psiquiatra fez perguntas tão específicas, tão íntimas e tão acertadas que já me senti mais leve ao desabafar. Optou-se pelo Escitalopram 10mg devido aos poucos efeitos colaterais. Uma semana de tratamento já houve uma considerável melhora emocional. Nos primeiros dias fiquei bastante agitado, extremamente inquieto. Apenas na terceira semana meu humor e comportamento foram estabilizados. Porém no início do segundo mês voltei a ter algumas crises e por isso a psiquiatra decidiu aumentar a dose para 15mg.

Depois de uns 5 meses tomando 15mg de Escitalopram por dia, comecei a me incomodar com a “falta de sentimentos”. Ainda que eu quisesse, não conseguia mais me apegar às pessoas, criar e alimentar algum tipo de vínculo. Porém isso me incomodava “racionalmente”, porque eu me sentia estranho por estar tão frígido, mas “emocionalmente” eu estava ótimo. A médica dizia que o medicamente estava apenas me deixando mais “seletivo” para relacionamentos e que, depois do trauma do último relacionamento, isso era imprescindível.

Ela estava certa. Mas algum tempo depois concordamos em diminuir a dose para 10mg por dia. Eu já estava mais seguro, mais confiante e desde o início do tratamento já estava previsto que essa diminuição iria acontecer, pois a ideia é de que o tratamento não ultrapasse 2 anos. Na consulta da semana passada discutimos bastante sobre mais uma redução na dosagem e é bem provável que até outubro eu já não precise mais do medicamento.

Lá no fundinho eu já tô sentindo saudade do remédio e da minha psiquiatra, muito antes de finalmente nos separarmos, acredita? Sim! Isso é horrível, tragicômico talvez. De certa forma, uma dependência por outra, mas eu estou focado que ficarei bem quando virar essa página, pois estou reaprendendo a observar as oportunidades ao meu redor, a experimentar coisas novas, pessoas novas e a mim mesmo. Eu estou vencendo a depressão. Você também pode vencer!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Status: buscando recolocação 😒


Hoje completo um ano desempregado. Oh! Que maneira mais brusca de atualizar os fatos, eu sei. Nos tempos atuais talvez nem tanto. Quantas pessoas você conhece que estão desempregadas? Dezenas? Centenas? As estatísticas dizem que já ultrapassa os 12 milhões. Nunca antes na história desse país houveram tantos desempregados. Mas eu não estou aqui para discutir política ou economia. Eu estou aqui para expressar minha revolta. Nunca fiquei tanto tempo sem trabalho, sem perspectiva, sem esperança.

É realmente angustiante depender de alguém para cuidar das minhas despesas. Esse alguém, obviamente, é minha mãe. É humilhante, simplesmente. A essa altura da minha vida eu é que deveria estar cuidando dela. E, no entanto, ainda estou empacado com meu TCC há dois semestres, sem nenhuma vontade de retomá-lo, sem nenhuma ideia decente para discutir, dissertar, enfim... Me admiro que esteja conseguindo terminar o segundo parágrafo desse texto. Uau! Realmente preciso treinar a prática da escrita. Faz um ano também que não escrevo um texto com mais de 10 frases.

Bom, eu só queria mesmo atualizar os fatos para que soubessem, caso ainda exista alguém que tenha acesso a esse desfalecido blog que, como podem ver, continuo na mesma insatisfação com a vida. Eu sei que em algum dicionário deve constar que insatisfação é sinônimo de veemência ou ao menos eu preciso acreditar nisso. Eu preciso acreditar em alguma coisa.
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PS¹ tragicômica:

PS² tragicômica:
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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dia de Faxina



De repente, você se dá conta de que sua casa se tornou um lixo. Roupas, lençóis, copos sujos. Cortinas fechadas, o sol não entra há dias. O ar não circula. A vida também não.

Mesmo que você não queira assumir ou aceitar: Você não quer se desfazer das lembranças de alguém que se foi. Os lençóis da última noite juntos, na fronha ainda ficaram alguns fios de cabelo. A bermuda que ele usou naquela noite. A camisa que você usava durante o último abraço. Onde quer que ele tenha tocado, o que quer que tenha seu cheiro, sua marca: seu desejo é perpetuar a existência de qualquer coisa que o faça presente.

Mas a vida clama por ser vivida. É preciso seguir em frente, lavar a roupa suja. Já não há mais seu perfume nas coisas, apenas lembranças, estas sim demoram a desbotar: o momento do primeiro beijo, o parque onde se encontravam, o banquinho do terminal, o local onde se disseram adeus; e apenas saudade, porém esta não desaparece jamais, você apenas se habitua a ela como a uma mancha numa camiseta preferida.


Não é tão fácil começar esse tipo de faxina, mas é preciso se desfazer do que te prende ao passado. E dói, como se fosse o seu coração girando no tambor da máquina de lavar. É difícil, mas é preciso. Afinal, a vida é feita de ciclos. Cada momento, bom ou ruim, são ciclos que você precisa encarar para alcançar seus planos. Até a máquina de lavar opera em ciclos. E não venha me dizer que a vida não dá pra programar, porque não é verdade. Mas se alguma coisa saiu do planejado, assuma o erro, comece outro ciclo, encare o risco. Amanhã tem mais. Sempre vai ter.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A culpa é do cinema!


Ninguém me ensinou a assistir filme, eu aprendi sozinho. E foi sozinho também que comecei a acreditar que tudo aquilo que mostram na tela poderia ser verdade. É tudo tão colorido, até quando é em preto e branco, eu digo, é tudo tão lindo, romântico, patético, invejável. Então cresci iludido de que minha vida poderia ser perfeita daquele jeito. Ai, que burrice!

Depois de quebrar a cara algumas vezes – diga-se milhares de vezes – parei de vez com filmes de comédia romântica. São tão estúpidos. Sempre tem um casal de idiotas que estão numa situação ruim e são tão idiotas que conseguem piorar aquilo tudo ainda mais, mas no final eles resolvem aquele problema e são felizes para sempre. Será que preciso ser idiota pra conseguir um final feliz?

Eu não quero final feliz, eu digo, não quero um final. Não quero que seja perfeito. Quero que seja natural, verdadeiro e até cheio de crises, complexos, conflitos, porque ninguém no mundo está livre disso, e essas coisas são necessárias para fortalecer o relacionamento. Mas eu quero tudo isso com alguém disposto a lutar pra fazer isso funcionar, simplesmente porque no Amor Verdadeiro não existem pessoas certas, existem pessoas que se dedicam a fazer ele dar certo. O Amor é isso: adaptação. Essa parte eu já aprendi, mas eles não. E sempre vão embora antes mesmo que eu tenha a chance de mostrar que vale a pena tentar.

Eu também parei de idealizar gente atenciosa ao extremo, que vai me ligar tarde da noite pra desejar bons sonhos, que vai inventar desculpa pra me ver num horário improvável porque bateu saudade. E também sempre soube que também não devo ser assim, porque a maioria das pessoas não gosta disso. Tem algo a ver com privacidade, enfim, coisa de gente que preza por liberdade, ou (inconscientemente) ficar sozinha, provavelmente.

Só não consigo deixar de ser romântico. Eu gosto de trazer chocolates, gosto de dar presentes, preparar tudo para uma noite especial juntinhos. E não faço isso por conquista (no sentido vulgar da intenção), mas porque quando estou envolvido, penso nele várias vezes ao dia, sinto imensa necessidade de dizer, com gestos, “meu bem, me lembrei de você” - quando na verdade não me esqueci em nenhum momento.

E vale de alguma coisa tudo isso? Tá, no momento vale. No momento do fato tudo vale, tudo é lindo. No início costuma ser, não é? Mas quando acaba nem lembram mais desses detalhes. E eu fico me sentindo um idiota por ter me esforçado tanto pra fazer dar certo, me achando exagerado, mais exagerado que Cazuza, e me perguntando onde foi que eu errei.

Acho que assisti filmes românticos demais. Preciso parar com isso. Mudar de tática... hummm!

“Oi, gato! Quero jogar com você... hihihi.”